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Letycia Bond - Agência Brasil |
A discussão sobre reduzir a jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais (com o fim da escala de seis de trabalho por um de descanso) motiva debates em todo o país. Para mudar as situações ocorridas após a Revolução Industrial, onde as pessoas trabalhavam de 16 a 18 horas por dia em muitos casos, a participação do trabalhador foi essencial.
Para se ter ideia da realidade encontrada àquela época, as condições de trabalho eram brutais a ponto de crianças trabalharem, mulheres não terem direito à licença-maternidade e com o discurso de que as empresas diziam que iriam quebrar se fossem pagar 13º salário.
A discussão sobre o fim da jornada 6x1 traz à tona a possibilidade de que homens e mulheres trabalhem menos horas, alcançando a mesma produtividade, além de gerar novos postos de trabalho com a redução da jornada. A proposta visa à melhoria da qualidade de vida do trabalhador. E o tema tornou-se o centro de debates porque, com a contrarreforma trabalhista de 2017, surgiu a figura do trabalho intermitente, que fragilizou a proteção ao trabalhador.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé e Região, Luiz Carlos Cabral Jorge, a discussão não é nova. Desde a primeira década do ano 2000 a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) discute a redução da jornada semanal para 36 horas em frigoríficos. Entretanto, por falta de disposição política dos sucessivos governos, a proposta não foi adiante. Agora, após a aprovação
Agora, com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/25, que acaba com a escala de trabalho 6x1, já protocolada na Câmara dos Deputados, a discussão retorna com força e ganha novos horizontes. O texto, que estabelece jornada de quatro dias por semana e três de descanso, conseguiu o apoio de 171 deputados para começar a tramitar na Casa.
"A situação atual, da jornada 6x1, é extenuante e desumana, uma verdadeira exploração ao trabalhador. Não há possibilidade de um descanso mínimo. Homens e mulheres ficam com uma qualidade de vida limitada, precisando escolher o que fazer com o tempo livre. E isso envolve convívio com cônjuge e filhos, momentos de lazer e aperfeiçoamento", pondera Cabral.
O líder sindical frisa que, no caso do trabalhador mais jovem, a situação é ainda pior. "Muita gente faz três turnos por dia, para estudar. Falta tempo para uma preparação adequada. E isso diminui ainda mais a convivência em família, porque o tempo fica completamente afogada. O resultado é stress, abatimento e até problemas que afetam a saúde mental", frisa o presidente do STIA/Bagé. Para Cabral, a proposta de trabalhar quatro dias vai influenciar no ganho de produtividade e proporcionar maior conforto e segurança ao trabalhador, também vai gerar resultados positivos para a empresa.
"Os trabalhadores vão adoecer menos, vão se qualificar mais, a produção vai crescer e a empresa também vai lucrar mais. É uma matemática onde todos vão sair ganhando", ressalta o presidente.