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Força tarefa é resultado da preocupação de autoridades com saúde do trabalhador em mobilização que vem desde 2007 FLÁVIO PORTELA - ASCOM-MPT-RS |
Empresas do setor frigorífico de todo o país tiveram tempo para se adaptar às normas técnicas da NR 36 e agora precisam cumprir legislação em vigor |
Manifestações nas
redes sociais sobre a interdição do frigorífico Marfrig em Bagé demonstram a
preocupação de trabalhadores com as atividades da planta. O Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé e Região manifesta
preocupação com o desencontro de algumas informações. A entidade reforça que em
inúmeras oportunidades encaminhou as reclamações dos trabalhadores sobre más condições de máquinas e setores da empresa, sem que o
Marfrig tomasse providências,
Prova desse fato é
que diversos eventos foram realizados informando a sociedade sobre os problemas
que ocorrem dentro das unidades da empresa. Em 2010 houve uma audiência pública
na Assembleia Legislativa sobre a situação dos frigoríficos no estado. Nenhum
representante do Marfrig esteve presente. Antes disso, em 2007, foi elaborado
um trabalho de pesquisa em parceria dos sindicatos de trabalhadores nas
indústrias de alimentação que tem frigoríficos em suas bases, com a
Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins
(CNTA) com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O projeto Atenção
às Lesões por Esforço Repetitivo dos Trabalhadores da Alimentação (Alerta)
apresentou um diagnóstico sobre as principais doenças que afastavam os
empregados do ambiente de trabalho. O resultado foi apresentado em audiência
pública na Câmara de Vereadores de Bagé. Mais uma vez a empresa não enviou representante
sequer para contestar os dados apresentados na pesquisa.
Publicada em abril de
2013, a Norma Regulamentadora 36 surgiu para garantir qualidade no sistema de
segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e
derivados. A NR 36 foi estabelecida ouvindo todas as partes interessadas,
discutida e formalizada por representantes da classe empresarial,
trabalhadores, agentes políticos e governo. As empresas do setor frigorífico
receberam prazos para se adequarem à nova legislação vigente. A força-tarefa
realizada desde 2014 vem para fiscalizar o cumprimento da norma, já que agora
os prazos de adequação foram expirados.
O I Seminário
Estadual de Segurança e Saúde do Trabalho, realizado em junho de 2014 em Bagé,
contou com a participação da CNTA, Ministério do Trabalho e Ministério Público
do Trabalho. As questões abordadas envolveram justamente a preocupação das
autoridades e do movimento sindical com os riscos ao trabalhador nas atividades
exercidas, principalmente dentro de frigoríficos. Mais uma vez o Marfrig não
participou do debate. O resultado foi a realização da força-tarefa nos
frigoríficos bovinos, em ação semelhante ao que ocorrera em 2014 nos
abatedouros de aves.
Agora, o setor
industrial da carne alega ser vítima de pessoas que tentam impedir a produção
industrial sem dar chance as empresas de se adequarem a legislação. Algumas
pessoas querem colocar a culpa desta situação nos sindicatos, em especial no
STIA/Bagé. Os trabalhadores sabem, entretanto, que o sindicato deseja apenas
que as pessoas que contribuem com seu suor, esforço e sacrifício pela empresa tenham
direito a trabalhar em um local sem que sua saúde e integridade física estejam
constantemente sobre ameaça.
Na avaliação do
presidente do STIA/Bagé, Luiz Carlos Cabral, seria muito mais fácil o Marfrig
tomar atitudes para garantir a segurança e melhores condições na atuação de
seus trabalhadores do que passarem pela interdição para tomar providências. “A
empresa quer passar a imagem de que não teve tempo para se adequar, mas o aviso
não é de hoje. Tanto que o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do
Trabalho analisaram mais de 120 irregularidades. Não somos nós os responsáveis
por isso, é a empresa”, ressalta Cabral.
Até este dia 20 de
maio, o frigorífico em Bagé seguia interditado pelo MTE. Cabral enfatiza que
embora entenda o receio dos trabalhadores da unidade do Marfrig em Bagé, o
Ministério do Trabalho e os procuradores do Ministério Público do Trabalho
deixam claro que os empregados não podem ser prejudicados. “Os trabalhadores
vão seguir recebendo seus salários e tendo todas as garantias a seus direitos,
conquistados com muita luta. O que não pode é a empresa ameaçar ou constranger
qualquer um de seus funcionários. As autoridades e nós, do Sindicato, estamos
acompanhando muito de perto tudo o que está sendo feito”, afirma Cabral.

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