quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Levantamento da pesquisa TEIAS prossegue até esta sexta-feira em Bagé


O trabalho dos pesquisadores Paulo Albuquerque, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Francesco Settineri (Instituto Itapuy) para a obtenção de dados do projeto TEIAS (Traçando Estratégias Integradas de Ações em Saúde) em Bagé segue até este dia 3 de dezembro. O lançamento ocorrido na última quarta-feira na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Bagé (STIA) reuniu funcionários de frigoríficos e especialistas em Saúde e Direito Previdenciário, além de lideranças sindicais.
Na oportunidade os responsáveis pela aplicação dos questionários explicaram a metodologia e a importância da pesquisa, além dos motivos de levar ao conhecimento dos trabalhadores a reflexão sobre o número de afastamentos do ambiente laboral. A intenção é obter ao menos 10% do total de trabalhadores de frigoríficos para o levantamento, entre ativos e inativos. Apenas no momento do lançamento do TEIAS em Bagé cerca de 25 questionários já foram aplicados. “A pesquisa quer mostrar as condições de trabalho e construir políticas públicas e sociais para que isso tenha influência na vida e na saúde das pessoas”, destaca Albuquerque.
O coordenador político da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação para o Rio Grande do Sul, Darci Rocha, enfatizou a necessidade do diagnóstico – uma parceria da CNTA/Sul, UFRGS, Instituto Itapuy e sindicatos de trabalhadores na alimentação – para melhorias nas negociações coletivas e demonstração à sociedade das condições laborais existentes. Rocha contou que já está na Câmara Federal o projeto de lei que reduz a jornada de trabalho em frigoríficos para 35 horas semanais. O projeto, de autoria do senador Paulo Paim, já foi aprovado no Senado Federal. O líder sindical apontou fatores como o assédio moral e o ritmo acelerado de produção como responsáveis pelo adoecimento dos trabalhadores no setor. “Ainda em fevereiro, de posse dos dados da pesquisa, voltaremos a Bagé e iremos promover uma Audiência Pública para apresentar a avaliação dos dados à comunidade”, ressalta Rocha.
O médico do STIA/Bagé, Ronaldo Carvalho, salientou a necessidade de não apenas levantar um diagnóstico sobre as condições de saúde dos funcionários dos frigoríficos mas o que pode ser feito com os dados em mãos. “Um trabalho como este pode trazer uma qualidade melhor de vida e trazer a convicção de que possa ser promovida alguma mudança”, frisa Carvalho. Vários trabalhadores acabaram necessitando de benefícios como Auxílio-Doença ou Auxílio-Acidente de Trabalho em 2010 devido à sobrecarga imposta pelas empresas. O que acaba influindo na área previdenciária. O advogado Luiz Mariano Niederauer, que irá prestar atendimento jurídico no setor previdenciário ao STIA/Bagé, ressaltou a importância do sindicato para que os cidadãos tenham uma orientação correta. Ele lembrou que muitas doenças não são reconhecidas pela Previdência Social, há demora na marcação de exames e o trabalhador acaba sendo empurrado da empresa para o INSS e vice-versa devido à burocracia. “Existem casos de pessoas com cortes ou com tendinites com dificuldade para realizar exames no tempo necessário”, pondera o advogado.
O presidente do STIA/Bagé, Luiz Carlos Cabral, destacou a importância de Bagé poder estar presente no projeto TEIAS, realizando um comparativo com o projeto ALERTA desenvolvido há três anos e cujos resultados demonstraram a necessidade de um cuidado maior com a saúde dos trabalhadores de frigoríficos. “Estarmos junto com Alegrete, São Gabriel e Pelotas nesta pesquisa nos possibilita a busca por melhores condições de trabalho no setor da alimentação e vamos apresentar estes dados no início de 2011 para a sociedade ter noção do que se passa com o trabalhador”, aponta Cabral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário