quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Trabalhadores de padarias, engenhos, laticínios e pequenos frigoríficos aguardam há quatro meses por dissídio 2015/2016


Processo já está no TRT em Porto Alegre, bem como da negociação referente ao período 2014/2015



      Depois de quatro meses do início da data-base para trabalhadores de padarias, engenhos de arroz, indústria de laticínios e pequenos frigoríficos, as tratativas para o acordo coletivo entre a representação dos trabalhadores e das indústrias do setor parece distante. Vários encontros de negociação foram realizados desde o dia 1º de junho. A última reunião ocorreu em 11 de setembro, mediada pelo Ministério do Trabalho. Não houve acordo. O sindicato patronal insiste com propostas que além de não atender as reivindicações dos trabalhadores, elas tem por objetivo retirar os direitos que há anos integram acordos e dos dissídios coletivos.
      Entre as principais intenções do sindicato patronal está a desvinculação do Piso Salarial da categoria do Piso Mínimo Regional de Salários, o não pagamento das horas trabalhadas pagas com 100% aos domingos e feriados e dar em folga em outro dia da semana a livre escolha do patrão, o não pagamento do auxilio escolar, a criação do Banco de Horas (proposta que nas assembleias foi rejeitada pelos trabalhadores).
      O Dissídio de 2015 já foi ajuizado no Tribunal Regional do Trabalho pelo segundo ano consecutivo. Grande parte dos trabalhadores não tiveram seus salários corrigidos como deveria ser, receberam somente uma antecipação.
      "Os acordos só não foram fechados pela intransigência do sindicato patronal e das empresas que não respeitam seus funcionários, pois na hora de reajustar os salários de seus empregados ficam querendo mexer nos direitos dos trabalhadores", enfatiza o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé e Região, Luiz Carlos Cabral. "Todos os anos as empresas arranjam uma desculpa. A 'bola da vez' agora é a crise econômica e que, reajustando os salários, as empresas irão a falência. Salário de trabalhador nunca quebrou nenhuma indústria. Má gestão sim", dispara Cabral.
      O presidente pondera que enquanto o sindicato patronal radicaliza nas negociações, as defesas junto ao TRT, com cópias de acordos de vários sindicatos, apresentam justamente as principais conquistas obtidas pelo STIA. Entre elas, o Piso Salarial vinculado ao Piso Regional e Auxílio Escolar. “Além disso, nas cópias desses acordos encaminhados ao Tribunal, estão conquistas destes trabalhadores, como quinquênios de 4% a cada cinco anos na empresa, pagamento dos dias 31 – pagam cinco dias por ano, estabilidade a gestante, falta remunerada para levar filho ao médico. Tudo isso que nós do Sindicato lutamos para ser incluído nas negociações aqui”, frisa Cabral. Outro detalhe importante é que o Banco de Horas não está incluído nos acordos levados como defesa do sindicato patronal.
      Os representantes das empresas estão passando aos trabalhadores a ideia de que o acordo não saiu porque “o Sindicato não quer”. A diretoria do STIA/Bagé ressalta que as negociações não avançam porque o sindicato patronal impõe como itens principais a retirada de direitos dos trabalhadores. “Isso nós não vamos fazer. Então é melhor deixar que o Tribunal decida”, afirma Cabral. Mesmo assim, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé se mantém aberto às negociações visando ao acordo.

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