segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Diagnóstico sobre condições de trabalho nos engenhos de arroz tem início em Bagé




      Uma reunião de preparação na manhã deste dia 15 deu início ao trabalho de pesquisa do Diagnóstico sobre Condições de Trabalho nos Engenhos de Arroz (DIGA) em Bagé. A ação é uma realização da Sala de Apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins - Sul (CNTA-Sul), em parceria com sindicatos de trabalhadores nas indústrias de Alimentação realizados em seis municípios - Bagé é o quinto a participar. O trabalho será encerrado em Dom Pedrito, no mês de março. 
Desenvolvimento 
      A pesquisa será realizada em Bagé pelo consultor Francesco Settineri e pela pesquisadora Paola Sarria, com participação dos bageenses Élisson Soares e Danilo Eduardo Lima. O levantamento será feito em cinco engenhos de Bagé, onde os trabalhadores serão ouvidos nos ambientes laborais. No estado, são cerca de 900 questionários aplicados - em Bagé serão cerca de 100. Settineri explica que embora a previsão seja de cinco dias para obter os dados junto aos trabalhadores, a média nos outros municípios foi de dois dias de coleta. 
      "Embora a identificação seja anônima, os questionários tem como objetivo diagnosticar a situação do trabalhador, como idade, sexo, escolaridade e setor de trabalho, bem como se eles percebem algum fator de risco no ambiente onde atuam e fatores que, até por não saber, podem representar algum prejuízo à saúde", explica Settineri. Outras questões envolvendo a qualidade de vida do trabalhador, a relação na comunidade onde vive e com o sindicato também integram a pesquisa. 
      A pesquisa é coordenada pelo professor Paulo Albuquerque, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a consultoria de Settineri e a ação dos pesquisadores de campo. O setor de engenhos de arroz apresenta número expressivo de acidentes com mortes em relação aos outros segmentos da alimentação - em Bagé, pelo menos duas pessoas perderam a vida por acidentes em engenhos em 2015. Além disso, problemas como lesões por esforço repetitivo e surdez são comuns em trabalhadores de engenhos. 
Etapas do trabalho
    Settineri revela que a expectativa é concluir a pesquisa em maio. Depois, a CNTA-Sul e os sindicatos parceiros irão receber o diagnóstico, que será apresentado à comunidade em audiências públicas em datas ainda a serem definidas. Após a aplicação dos questionários haverá o cruzamento dos dados, com a separação das informações mais importantes, a observação dos trabalhadores e a apresentação do relatório final. 
      O consultor destaca que os questionários foram elaborados levando em conta pesquisas anteriores - como os projetos Atenção às Lesões por Esforço Repetitivo dos Trabalhadores da Alimentação (ALERTA) e Tecendo Estratégias Integradas de Ações em Saúde (TEIAS). " Se não fosse a atuação dos sindicatos nestes trabalhos anteriores, não teríamos dados tão expressivos", considera Settineri. 
Ferramenta
      Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé, Luiz Carlos Cabral, o diagnóstico que será obtido irá permitir conhecer as causas dos problemas que afetam a saúde dos trabalhadores e proporcionar a efetivação de políticas públicas e de providências pelas empresas para diminuir o número de pessoas doentes ou afastadas dos ambientes de trabalho. "A pesquisa será uma ferramenta importante para buscarmos alterações que proporcionem melhores condições de segurança e saúde para os trabalhadores", frisa Cabral. 

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