quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Pesquisa sobre saúde do trabalhador de engenhos busca levantar diagnóstico sobre situação do setor em Bagé e região


      A partir do dia 15 de fevereiro, trabalhadores de engenhos de arroz da região de Bagé vão ter a oportunidade de participar de uma pesquisa para saber das condições de trabalho no local onde atuam. O trabalho é uma realização da Sala de Apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins – Sul (CNTA-Sul) com sindicatos de trabalhadores nas indústrias de Alimentação - Bagé entre eles. Trata-se do Diagnóstico sobre Condições de Trabalho nos Engenhos de Arroz (DIGA).
      Em encontros anteriores, representantes de diferentes sindicatos debateram as alterações e adequações sobre o questionário que será aplicado. O setor de arroz foi escolhido por apresentar o maior número de acidentes com mortes em relação aos outros segmentos da alimentação. Além disso, problemas como lesões por esforço repetitivo e surdez são comuns em trabalhadores de engenhos. O DIGA visa levantar um diagnóstico sobre as causas dos problemas e as ações preventivas que devem ser adotadas para diminuir o número de trabalhadores doentes ou afastados.
      "Nos ambientes laborais, o trabalhador é submetido a carregar peso de maneira excessiva, da mesma forma que o ambiente no local de trabalho é precário para a respiração", destaca o professor e sociólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Albuquerque, responsável pela coordenação do trabalho.
      Albuquerque já realizou duas pesquisas para levantamento da situação de saúde de trabalhadores no setor frigorífico – os projetos Atenção às Lesões por Esforço Repetitivo dos Trabalhadores da Alimentação (ALERTA) e Tecendo Estratégias Integradas de Ações em Saúde (TEIAS). A pesquisa já foi aplicada nas regiões dos sindicatos de alimentação de Pelotas, Camaquã, Alegrete e São Gabriel. Depois de Bagé, a última etapa da pesquisa será em Dom Pedrito entre os dias 29 de fevereiro e 4 de março.
      Para o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé (STIA), Cláudio Gomes Gonçalves, a pesquisa trará informações importantes para a formação de políticas públicas que tragam segurança e melhorias para a saúde dos trabalhadores em engenhos. Fator semelhante ocorreu com o projeto TEIAS, que embasou a formação da Norma Regulamentadora 36 - que trata sobre o trabalho em frigoríficos. "Depois da aplicação da pesquisa iremos realizar uma audiência pública para apresentar os dados à comunidade regional", explica Gonçalves.  Antes disso, entretanto, irão ocorrer dois seminários para apresentação dos dados aos sindicatos participantes: um em Pelotas, outro em São Gabriel, sem data marcada.        
      A audiência pública em Bagé também não tem data definida. A intenção é entrevistar cerca de 1.000 trabalhadores de engenhos entre os cinco municípios. A ideia é realizar as entrevistas diretamente na casa do trabalhador. O funcionário do STIA/Bagé Élisson Correa Soares e o diretor Danilo Eduardo Gonçalves Lima irão auxiliar na aplicação dos questionários. Ambos passaram por formação em Porto Alegre para realizar o trabalho.

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