quarta-feira, 10 de maio de 2017

Sindicatos e Marfrig chegam a acordo para reajuste linear de 6,48% e manutenção de cláusulas consideradas conquistas históricas




Depois de três meses de espera e após uma reunião com quase cinco horas de duração, representantes dos sindicatos de trabalhadores nas indústrias de alimentação de Bagé, Alegrete, Pelotas e São Gabriel e o do Marfrig chegaram à definição do Acordo Coletivo de Trabalho para 2017. Haverá um reajuste linear (para todos os trabalhadores) de 6,48%. Isso significa o mesmo percentual de reajuste do Piso Mínimo Regional de salários no Rio Grande do Sul e um aumento real de 1,05% em relação à inflação do período (que entre fevereiro de 2016 a janeiro de 2017 foi de 5,43%).  O Visa-vale para os trabalhadores do Marfrig ficou definido em R$ 208,00 (era R$ 195,00), o que significa também um aumento real – o percentual de reajuste é de 6,67%.
O grande avanço, contudo, é a manutenção das demais cláusulas do acordo coletivo anterior. As exigências do Marfrig eram a redução de itens considerados conquista histórica dos trabalhadores. Com isso os trabalhadores continuarão a receber as horas-extras pagas em 100% (o Marfrig queria a redução para 50%), os 30 minutos para troca de uniforme (a empresa queria reduzir para 15 minutos), o pagamento da insalubridade, o transporte gratuito (que a indústria queria cobrar do trabalhador) e o adicional noturno na íntegra, entre outros. 
“Graças à união dos trabalhadores, que estiveram conosco em todos os momentos, é  que o sindicato teve força para conseguir barrar a vontade da empresa em retirar essas cláusulas históricas do acordo, algumas com quase duas décadas em vigência”, ressalta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé e Região, Luiz Carlos Cabral. “Podemos dizer que na atual conjuntura econômica do país fizemos um bom acordo. Tivemos aumento real em um período onde a classe trabalhadora passa pela ameaça de retirada de direitos, enquanto outros trabalhadores de diferentes setores da economia, infelizmente, não conseguiram acordos parecidos”, reforça Cabral.
O presidente enfatiza a importância da persistência do sindicato, já que os trabalhadores do Pampeano Alimentos terão o mesmo reajuste e a manutenção de suas cláusulas, assim como os empregados do Marfrig/Bagé. “Os trabalhadores nas indústrias de alimentação são sacrificados, em muitos casos trabalham mais de 12 horas por dia em ambientes perigosos e insalubres”, avalia. O líder sindical pondera que a situação das mulheres no ambiente da planta frigorífica é ainda pior. “Elas sofrem discriminação nos salários e a atividade delas requer uma resistência física muito grande para ficar de pé à beira de uma mesa durante várias horas por dia. Elas também são profissionais de faca e ganham menos que os faqueiros, principalmente na desossa”, pondera Cabral. 
O presidente destaca que as diferenças salariais retroativas aos meses de fevereiro, março e abril (já que a data-base da categoria é 1º de fevereiro) serão pagas na folha de maio.


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