domingo, 23 de maio de 2021

Marfrig paga mais de R$ 4 bi para ser maior acionista da BRF

      


      Em meio a uma negociação de Acordo Coletivo de Trabalho, com a alegação de que "não tem recursos" para dar um reajuste melhor aos trabalhadores e ainda querer tirar conquistas de anos de lutas (conquistas estas muito antes da empresa chegar por aqui) a Marfrig anunciou na última sexta-feira (21) a compra de 24,23% das ações da BRF no mercado durante toda esta semana. O valor da negociação chega a impressionantes 800 milhões de dólares, algo em torno de 4,3 bilhões reais ao câmbio de hoje. 

      A operação foi confirmada pela BRF e Marfrig em comunicados ao mercado na noite da sexta-feira, 21. Fontes próximas à Marfrig dizem que o valor foi considerado excelente, já que a BRF vinha se desvalorizando na bolsa nos últimos anos e estava valendo menos do que em 2019, quando as duas empresas chegaram a negociar uma fusão.

      Com a operação, o frigorífico do empresário Marcos Molina passa a ser o maior acionista individual da BRF, com grande poder sobre a empresa. Apesar disso, a Marfrig diz que vai se restringir a uma gestão passiva e não vai convocar assembleia para alterar o Conselho de Administração ou combinar votos. 

      O novo acionista chega com este discurso num momento em que havia uma grande insatisfação de alguns acionistas com a gestão de Pedro Parente, que está à frente do conselho da BRF desde 2018. De qualquer forma, num futuro breve, a Marfrig terá grande poder de voto na escolha da administração da companhia quando os mandatos acabarem.

      A Marfrig atua no setor de carne bovina e a BRF é o maior cliente da companhia. A BRF por sua vez produz comidas prontas e seus frigoríficos atuam nos ramos de suínos e aves.  

      "São coisas que os trabalhadores não entendem. A empresa não quer conceder um reajuste maior alegando 'perdas na pandemia', sendo que teve lucro recorde em 2020. Dizem que não tem recursos para melhorar o salário de seus empregados, mas sobram recursos para comprar outra indústria frigorífica e ampliar seus negócios. Decididamente, enquanto o trabalhador não parou de produzir durante toda a pandemia, a Marfrig não valoriza a maior base de seus lucros, que é o trabalho de seus funcionários", ressalta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé, Luiz Carlos Cabral. 


Com base em informações do portal Veja.com

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