sábado, 3 de agosto de 2013

Dinheiro público para JBS

Empréstimos de R$ 10 bi do BNDES motivam medida cautelar e questionamentos no Congresso

Fonte: Correio do Povo - 3 de agosto de 2013


Patrocinado com dinheiro público subsidiado vindo do BNDES, o crescimento do grupo JBS levanta a cada dia mais suspeitas com dimensões proporcionais ao seu gigantismo. Um desafeto do frigorífico, o grupo Bertin, ingressou com medida cautelar contra a holding J&F, que abriga do JBS, controlado pela família do empresário Joesley Batista, irmão de José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, especulado como pré-candidato pelo PMDB ao governo de Goiás.
A imprensa de São Paulo define a ção contra o grupo JBS como "guerra". O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou em abril a incorporação do Bertin pelo JBS. O Bertin, dos setores de alimentos e energia, entre outros, e a J&F, eram sócios no JBS. No processo há acusações que vazaram em diversos jornais, de desvios de cotas de fundos e falsificação de assinaturas. As supostas fraudes teriam trazido à família Bertin prejuízo de R$ 2,5 bilhões.
Outro escândalo, do começo do ano e que ganhou destaque na imprensa mundial, foi a confirmação, pela Nestlé, na Europa, da presença de mais de 1%¨de DNA de carne de cavalo em produtos fornecidos pela subsidiária da JBS na Bélgica, JBS Toledo. Não bastassem todos esses problemas, o grupo é cliente privilegiado do BNDES, de onde recebe recursos para comprar os seus concorrentes.
No ano passado, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), chegou a falzer um requerimento convocando o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para "esclarecer a colocação de R$ 10 bilhões no JBS, que já comprou até um banco".
O favorecimento continuado ao grupo é visto como impressionante. Ao engolir seus concorrentes, o frigorífico em nada beneficiaria a economia. Ao contrário, somente trouxe maior concentração, monopólio no setor de carnes. Em 2009, o BNDESPar emprestou cerca de R$ 3,48 bilhões ao frigorífico, por meio da compra de dívidas (debêntures), para a aquisição da Pilgrim Prade (Estados Unidos). Antes, em 2005, emprestou R$ 80 milhões para o JBS Friboi adquirir o frigorífico Swift-Armour (Argentina). Em 2006, o valor de R$ 1,46 bilhão foi autorizado para a compra da Swift & Co. (EUA). Em 2007, mais R$ 2,5 bilhões no Bertin, grupo incorporado do JBS em 2009, cuja autorização foi feita em abril de 2013. 
O jornal britânico Financial Times noticiou que o fundo Oppenheimer (EUA) abriu um processo em São Paulo contra o JBS porque o grupo arrendou os ativos da Doux Frangosul, produtora de frangos (França), e declarou agora não ter como pagar uma dívida de 60 milhões de dólares que tem com o fundo. 

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